quarta-feira, dezembro 27, 2006

A Saga do Lixo

Pra jogar lixo no Japão você precisa de calendário, manual de instruções e um monte de paciência. Primeiro, tudo tem que ser separadinho. E isso até acho normal, pq eu sempre reciclei lixo no Brasil. O problema são as coisas não-recicláveis, que aí precisam ser separadas em incineráveis e não-incineráveis. O pessoal costuma falar que incinerável é papel e comida. O resto é não-incinerável. E depois de separar tudo você ainda não pode colocar o lixo pra fora. Tem que esperar o dia certo. Na minha casa, por exemplo, os recicláveis e o lixo não-incinerável é na segunda. O incinerável é de terça e sexta. E nos outros dias o lixo vai se acumulando na casa.E se vc colocar no dia errado o lixeiro não leva (todos os sacos têm que ser transparentes para o lixeiro ver o que vc está jogando). Aí, chega uma hora que vc acha que já aprendeu todas as regrinhas, mas de repente percebe que gostaria de jogar fora um par de sapatos furados. E agora? Pesquisei e descobri que couro é junto com o lixo não-incinerável. E pano de chão velho? Esse eu joguei no lixo incinerável, mas não tenho certeza se acertei. Onde jogar pilhas usadas eu ainda não descobri. MAs pra me livrar de um videocassete quebrado que largaram no meu quarto foi preciso ligar na prefeitura, marcar um dia pra irem buscar e pagar 400 ienes. Já a televisão velha tem que ser mandada pra reciclagem (não me perguntem como se recicla uma TV). E a taxa é de 3 mil ienes (tipo uns 60 reais).E como se já não fosse encheção de saco suficiente ter que fazer isso tudo, a velhinha que mora no andar de baixo e é dona do apartamento ligou para o meu trabalho (!!!) pra reclamar que eu não estava botando o lixo pra fora antes das oito da manhã. O detalhe é que o lixeiro só passa meio dia, mas ela quer fuçar o meu lixo pra ver se eu estou fazendo certo. Pode uma coisa dessas? Agora comecei a levar um pouquinho de lixo por dia na hora que vou trabalhar e vou jogando nas lixeiras das lojas de conveniência que tem pelo caminho. Assim a velhinha não reclama e ainda vai ficar encafifada, pensando onde é que estou enfiando o lixo se não boto pra fora. Com tudo isso, descobri que aqui no Japão é mais fácil comprar coisas do que se livrar delas.

Alice

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