quinta-feira, novembro 29, 2001

Deus castiga

Eu não costumava acreditar nessa frase aí em cima, mas ontem Ele finalmente me convenceu de que é a mais pura verdade. Estava eu na rua Butantã com a Naftalina e a Mulher do Padre, andando naquela chuva horrosa (eu o-d-e-i-o chuva, mas outro dia escrevo sobre isso). Daí a Akasha me ligou, e eu que já tava atrapalhada com o guarda-chuva, fiquei mais ainda com o celular. Um pouco mais adiante, tinha uma moça andando normalmente quando de repente... POF!!! Se estatelou no chão! Aiai, coitadinha, mas foi tãaaao engraçado!! Deixei aflorar o meu lado mau e caí na gargalhada. E a pobre da Akasha sem entender nada do outro lado da linha... E foi aí que aconteceu. Foi só chegar no mesmo ponto em que a mulher caiu, que eu escorreguei, perdi o equilíbrio e POFFF!, levei um tombaaaço, muito pior que o dela. Ralei o joelho, o cotovelo, as mãos e ainda sujei as minhas roupas. Pôxa, fiquei muito sem graça, muito mesmo. Pior eram os outros rindo da minha cara, exatamente como eu tinha feito com a coitada da moça...
Por isso eu tenho certeza! Foi castigo dos céus =(

Kit

terça-feira, novembro 27, 2001

De volta

Enfim, voltei. É triste voltar à vida comum depois de um tempo de suspensão. Ainda não tinha dado tempo de me enjoar de estar longe de São Paulo e da minha vida aqui. Estava ótimo por lá. Muito sol, vistas lindas e amigos que me paparicam. Adorei. Fazia tempo que eu não era tão bem tratada. Será que isso é coisa de carioca? Em São Paulo meus amigos não são tão carinhosos assim... Deve ter alguma coisa a ver com o mar, o calor, a paisagem, vai ver que essas coisas deixam as pessoas mais sensíveis... algo a se investigar.
Aliás, se algum desses meus amiguinhos lindos estiver lendo, muito obrigada por tudo. Vocês são uns amores.
Bem, mas o que me chamou mais a atenção ao voltar é que só tinham dois posts no blog, ambos da Akasha. Meninas, o que houve? Desistindo do blog? Desempolgando de escrever? Vamos lá!

Alice

quinta-feira, novembro 22, 2001

Só para me despedir

Amores, estarei out até segunda. Viagem à Cidade Maravilhosa. Trabalhar muito, ver muitos amigos, dar um gole em váaarios cariocas. Na volta conto o que rolou.

Alice

terça-feira, novembro 20, 2001

Caneta do esquecimento

Como vocês podem ver, estou inspirada para escrever.
Bem, eu ganhei uma caneta do filme Amnésia (a.k.a. Memento). Assim que a peguei na mão, me ocorreu o seguinte: a gente podia escrever com ela e as palavras sumirem depois de dez minutos. Ia ser muito interessante. Caneta para notas rápidas, para aqueles pensamentos de momento que depois você quer esquecer, para dizer coisas bizarras, para contar segredos, para preenhcer cheques (uau, depois ninguém ia poder descontar!). É, pena que não era assim. Até fiz o teste, mas o que eu escrevi com a caneta continua lá, insistente, prova permanente.

Alice
Em homenagem à Bradamante (porque é inspirado em uma música do Gorillaz)

Is anybody there?
I shout as in a horror movie
And as in the scariest part of the movie,
Nobody answer

Alice

P.S.: Eu também amo o clipe do Coffee and TV!!! Só que me dá um aperto no coração quando a caixinha de leite morre... o mundo realmente é cruel. Acho que nunca mais vou tomar leite em caixinha.
Para Naftalina

Não só que as pessoas não mudam. Talvez você é quem tenha mudado e já não a ache mais interessante.

Alice

segunda-feira, novembro 19, 2001

Toda ouvidos

Quinta, sábado, sexta, domingo, domingo de novo e ainda de madrugada...
Será que, por que falo pouco, me torno uma boa ouvinte? Todo mundo resolveu me alugar nesses dias, para contar as mágoas da vida. Bom, é que sou paciente. E compreensiva demais, às vezes... Devia ser chata de vez em quando, e não ficaria assim tão entediada.
Quinta, conversei com uma amiga durante horas, por telefone. O papo era o de sempre... um remake do drama da semana passada. Foi legal que aproveitei o tempo para fazer outras coisas, enquanto escutava as lamúrias do outro lado da linha. Cortei as unhas do pé, penteei meu cachorro e fiz uma vitamina de morango com banana. Até comecei a assistir um filme, mas comecei a bocejar, e parei. Também, não estava tão bom assim que valesse a dorzinha na consciência. Em outros tempos, ela seria a minha melhor amiga, e... puxa! Eu não prestava atenção em quase nada do que ela dizia. Que triste. Triste como as pessoas não mudam, e ficam tão desinteressantes.

Naftalina
Os Outros

Pô meninas, Os Outros não dá medo não!! Assisti ontem à noite, sozinha e numa boa... Mas, de qualquer forma, parabéns Kit!! Não acho que você esteja ficando insensível, é só que você está revendo suas prioridades. Tipo, esse filme e o clipe do Marilyn Mason não te dão mais medo, mas talvez agora você tenha medo de outras coisas que não tinha antes (como ficar velha, por exemplo).
Pois é, tudo muda, tudo passa. Até uva passa.

Alice
EMA

Depois de assistir ao Europe Music Awards, só tenho dois comentários a fazer:
1 - Como a Jenifer Lopez pode ganhar da Dido e da Madonna?
2 - Estou apaixonada pelo Fran Healey!!!!!! (ai, aquela barbinha, aqueles olhinhos verdes, aquela voz...)

P.S.: Bradamante, tu viu o Damon lá? Ele também tava liiiindo!!

Alice

domingo, novembro 18, 2001

Mudanças...

O que será que tá acontecendo?
Ontem, minha amiga espirrou agüinha na minha cara e não fiquei com raiva. Não fiquei com vontade de xingar nem nada. Foi como se nada tivesse acontecido.
Quinta-feira fui assistir "Os Outros" - na sessão da noite! - e não fiquei com medo. Quer dizer, durante o filme sim, mas num tive medo depois de ficar sozinha em casa, nem de ir tomar banho, nem de ir sozinha até a garagem. Nem tive pesadelo!
Será que tô ficando mais adulta? Hmmmm... Ou será que tô é mais insensível??

Kit

sábado, novembro 17, 2001

No centro da Globalização

Só para constar: estou no Mc Donalds fazendo uso da internet. Pois é, a globalização está aí...

Alice

sexta-feira, novembro 16, 2001

Mulher Solteira Procura

Freak Girl procura homem interessante para relacionamento sem compromisso (mas, se rolar, também pode virar algo mais sério). Requisitos básicos: uma bela bunda, braços fortes (mas nem tanto), sorriso fácil, olhar profundo. Além disso, o candidato deve ter pós-graduação em conviver com gente estranha, sempre dizer a verdade e deixar eu saber o que sente. Também é desejável conhecimentos básicos em música, cinema, literatura e assuntos "nerd" e a coragem de fazer as coisas mais loucas nos lugares mais inusitados.
Interessados, favor enviar currículo para: alicel@mtv.com.br

Alice

quarta-feira, novembro 14, 2001

O que aconteceu?

-Que voz!
-Liguei várias vezes e não te achava! Falei com a sua mãe. Ela me passou o número. Eu não tinha. Espera um pouco
2min de silêncio
-Aconteceu uma coisa agora.
-O quê?
-É complicado. Não posso falar.
-Mas fala!
-Não. Não dá.
-Mas é alguma coisa grave? Pela sua voz...
-É...Não, quer dizer, é complicado.
-Mas já que me ligou. Fala! Que coisa!
-Não. Não liguei para isso, mas não é minha culpa, entende?
-Não.
-Não armei isso. Juro! Não pensei que seria assim, agora.
-Não entendi muito bem... Acho que imagino. Não dá para falar mesmo?
-Tenho que resolver isso. Não é de agora. Só não sabia que ia explodir hoje. As conseqüências... Nem quero imaginar.
-Tá. Depois a gente conversa. Quer que eu te ligue?
-Quando você volta?
-Eu te procuro.
-Tá... Desculpa. Não queria estragar o seu dia, principalmente hoje.
-Tudo bem.
-Reze por mim!
-Tá.
-Agora vai ser definitivo.
-Boa sorte.
-Parabéns.
-Tá. Tchau.
-Tchau.

Mulher do Padre

terça-feira, novembro 13, 2001

Morte

Minha mãe acabou de me ligar para contar que uma prima minha morreu. Nossa, é tão estranho... não era uma pessoa com a qual eu mantinha contato constante, mas também era uma pessoa que eu nunca imaginei que fosse morrer logo. É tão frágil, tão inesperado. Nem sei direito o que estou sentindo. Não digo que vou sentir falta dela, porque a gente mal se via, mas é bizarro pensar que ela já não está mais no mundo. Ainda não consigo processar isso, imaginar que ela já não está mais. Acho que o pior é que ela tem um filho da minha idade. Fico imaginando como ele está se sentindo. Fico pensando que podia ser minha mãe.
Bem, a irmã do Morpheus aparece nas horas mais inesperadas.

Alice
No shopping

Fui ao shopping comer alguma coisa, só que não sabia exatamente o que queria. Não era fome. Nem ao menos sabia se tava afim de um doce ou de um salgado.
Resultado: entrei em quatro filas diferentes até optar por um doce de chocolate que não me agradou e ainda por cima me custou muito caro! Estranho. Sempre que penso muito, racionalizo demais (pois é, pasmem, de vez em qdo eu faço isso!), parece que as coisas não dão muito certo. Fiz várias análises. Comparei preços, tamanhos, marcas, formas, texturas, pensei nos ingredientes e, por fim, observei as caras das pessoas comendo para ver se curtiam o que saboreavam. Quantas sinapses em vão!
A escolha racional não foi a melhor. Aquele doce foi uma decepção! Acho que daria mais certo se agisse como de costume: baseada na intuição. É, fazer escolhas por esse critério pode parecer meio esquisito, mas funciona! Principalmente quando não se sabe o que quer.

Mulher do Padre
Livraria II

Calliope, vc é uma sortuda! Ontem passei por uma maratona em várias livrarias atrás de um assunto não mto convencional: as ostras. Ao contrário de vc, eu achei o terminal na mega store, localizei o livro, mas não o encontrei. A vendedora mto menos! Mas a vantagem da mega store é que vc pode pegar um moonte de livros e revistas, sentar até no chão, fazer algumas anotações, e ninguém vem encher o saco. É quase como uma biblioteca, só que com livros novinhos.
Bom, mas terminada parte de minha pesquisa, eu fui numa outra livraria, mas eles não tinham nenhum livro de culinária. E eu, tonta, ainda arrisquei e perguntei: "e nem sobre as ostras?" e tive q aguentar um "não" acompanhado de uma risadinha de deboche!
Daí fui lá pra Liberdade. Que diferença! Os vendedores velhinhos e sorridentes me ajudaram a procurar, livro por livro, alguma coisa sobre as tais conchinhas. E a cada minuto a pilha de livros aumentava no balcão. Só que o fato de eles serem tão prestativos acaba atrapalhando, entende? Começaram a trazer umas coisas meio nada a ver... MAS o problema maior era que tava escrito tudo em japonês, buáaaaaa! E os preços, um absuuurdo. Aí é foda chegar e falar: "tá, obrigada, mas num vou levar nada". Só que foi o que tive que fazer...
Ah mas no final deu tudo certo e meu texto finalmente ficou pronto. Ufa!

Kit

segunda-feira, novembro 12, 2001

Na livraria

Poxa vida, três posts seguidos! To ficando boa nisso.
Semana passada eu fui numa livraria mega store e lembrei de um livro que eu tava afim de comprar. Só que eu não lembrava o nome do livro nem da autora. Só sabia que era Fernanda alguma coisa. Ai eu lembrei de uma entrevista que vi com ela, onde a tal Fernanda alguma coisa falava de um outro livro dela, cujo nome eu lembrei (por mais incrível que pareça).
O que fazer então? O mais lógico seria procurar um terminal de consulta (uma vez que vendedores de livrarias não costumam saber nem o que é uma página se "página" não estiver na lista dos best sellers). Só que eu não achei o terminal e fui perguntar para o vendedor onde tinha um (talvez isso eles saibam, eu pensei).
Perguntei para a vendedora e ela, pra minha surpresa, me perguntou que livro eu queria. Ligeiramente assustada, expliquei toda a situção pra ela, que eu não sabia o nome, nem a autora, etc etc. Novamente a vendedora me surpreendeu com um "Que livro dela você quer? O mais recente?" Assustei mais ainda, mas achei o livro que eu queria.
Me espantei com a situação. Imaginem, uma vendedora que conhece os autores e seus livros... Se eu estivesse na Livraria Cultura, na Fnac ou numa lojinha pequena, não seria tão surpreendente. Mas numa mega store?!
É esquisito pensar que alguém se espante por que um vendedor tinha o que todos os vendedores deveriam ter: conhecimento sobre o produto que vende. Antes era decepcionante ir numa loja onde o vendedor não sabia te ajudar. Hoje é natural. Fora do comum é o vendedor saber te ajudar.
Ai, ai. Que saudades do meu mundo perfeito, onde não existem tais inversões de valores...

Calliope
Alina

Alina é uma pessoa complicada. Tá, tá, todas a pessoas do mundo são complicadas, mas se tivesse a parada internacional de pessoas complicadas, fechando toda a Av. Paulista, ela iria de destaque num dos primeiros carros de som. Se as pessoas viessem com um manual de instruções (coisa que já sugeri a Deus, mas ele não me ouviu), no dela provavelmente viria escrito "Precauções: Se a apaixonar por ela pode trazer riscos à saúde".
As vezes eu me irrito com isso, mas essa complicação dela é tem um certo charminho. Quando eu digo "Devinitivamente eu não entendo você" ela dá uma risada e eu rio de volta. Não preciso entendê-la para gostar dela. Mas que isso ia ajudar, ia.
Nossa amizade é uma das coisas mais legais que eu tenho. E ela nem é seja minha melhor amiga, ou minha confidente, nem a gente sai sempre juntas. Mas a Alina é uma amiga única, o que faz a nossa amizade ser única também. Não tenho nenhuma outra igual a ela. E prezo muito isso.
Alina, se você estiver lendo isso, desculpe a pieguice, mas eu queria muito escrever alguma coisa sobre você. Não saiu exatamente o que eu queria (tem duas chatas aqui do lado me apressando).
Outro dia eu escrevo alguma coisa diferente...

Calliope
Especulações sobre a areia II

Akasha! Você roubou a minha frase!!! Tá, a frase não é minha, mas fui eu que usei primeiro. Sacanagem, pô!
"Bem aventurados sejam aqueles que amam essa desordem". O que isso tem a ver com areia? Dexa eu viajar um pouco...
Vocês já foram na casa de uma daquelas tias obcecadas por limpeza e ordem? Viram aquelas casas arrumadinhas, sofás limpinhos combinando com o carpete, bardes brancas... argh, isso me dá aflição, parece até cenário de novela mexicana de quinta categoria. Não tem vida, não parece quem ninguém mora lá.
Meu quarto (apesar de toda a reclamação da minha mãe) é um caos. Uma zona mesmo, bagunça total. Mas ninguém duvida que exista alguém lá, sabe como é essa pessoa. Há uma coisa minha na bagunça do meu quarto. Quando alguém chega lá e arruma, eu sinto no mínimo uma grande decepção.
Areia é caos. Quando você pisa a areia de uma praia, tudo aquilo lá já foi montanhas, vales, arvores, casas, pessoas, coisas. E agora, só areia, não é nada. A areia o que sobra de todo caos, destruição e desordem. Muito legal

Calliope
Casamento

Meu primo vai se casar no mês que vem. Eu odeio casamentos. Acho que está na minha lista das coisas que mais odeio (vem depois de passar frio, ar condicionado e dias feios). E, por ser meu primo, vou ser obrigada a ir. Já sei que vou odiar e ficar desejando ir embora a cada minuto. Não entendo porque as pessoas precisam se casar.
Para que dizer a um padre estúpido que você ama a pessoa e que quer ficar com ela para sempre? Para que ir a um cartório e assinar um papel comprovando a união? É quase como menosprezar o ato, pois precisa de testemunhas e documento. É burocratizar o sentimento. Não faz sentido, para mim dizer apenas à pessoa já basta.
Eu nunca disse isso a ninguém, mas apesar dessa minha convicção de que o casamento é inútil, tem uma pessoa com a qual eu casaria. Nem ele sabe disso. Acho que eu nunca falei porque tinha a esperança de que até chegar a hora H ele deixasse de querer se casar. Mas, por dentro eu sabia que se resolvêssemos ficar juntos e ele quisesse, eu casaria. Se para ele fosse importante, não seria um sacrifício grande demais para mim. Bem, agora não preciso mais casar com ele, só que isso não me deixa feliz...

Alice
Ódio

Bradamante: Sim, odeie, odeie com todas as suas forças. Ele merece. E você também. Dos sentimentos, que tenha sempre os mais intensos, não importa quais. E chora muito, que chorar é bom. E sempre que precisar, liga pra mim.

Alice

sábado, novembro 10, 2001

Fora com os relógios!

Meninas, meninas, tenho a solução final para tudo: o tempo não existe!
Ou, se existe, é relativo.
Agora, com licença, que ainda não entendi direito o que acabei de escrever.
(este post continua...)

Naftalina, pensando em fazer um curso de Física

sexta-feira, novembro 09, 2001

Tempo, tempo, mano velho...

Akasha, de fato o tempo é complicado. E totalmente subjetivo. Como já diria o Big Al, tudo é relativo. Perseu costumava falar sobre a diferença entre ficarmos um minuto juntos e ficar um minuto com a mão na chapa quente. De fato, a discrepância é enorme. Smashing Pumpkins, time, is never time at all
E a saudade e as memórias. Já disse que desde que ele me deixou o tempo passa de forma muito estranha. Parece que foi ontem e já faz dois meses. É outra areia, Calliope, a do tempo. Areia sobre a qual Morpheus não tem nenhum poder.
Estranho falar que o tempo cura. Depende. Para quem ele parece não passar, não faz a menor diferença.
Gosto do tempo da natureza, da passagem das estações, do nascer e pôr do sol. Odeio o relógio.
Estou escrevendo coisas sem noção. Mas no tempo da minha mente tudo faz sentido.

Alice
Inaugurando uma série sobre divagações inúteis. Não me perguntem por que eu escolhi o tema "areia" para falar. Agora estou achando estúpido, mas na hora pareceu tão legal...

Sem mais delongas, vamos lá:

Especulações sobre a areia I

Sandman, claro. O "Homem-Areia", surgiu como uma fabula (dos irmãos Grimm, La Fontaine, Esopo ou um desses, não lembro) não muito popular no Brasil, mas bem conhecida na Europa e EUA, sobre o Velho-do-Sono que vem à noite soprar areia nos nossos olhos para que a gente durma e sonhe.
Mas não é desse Sandman (fábula meio bobinha, por sinal) que eu estou falando, e sim da magistral criação de Neil Gaiman, um escritor que adaptou a lenda para os quadrinhos. Numa série fechada (ao contrário da maioria das HQs, que continuam por séculos e além) ele fez simplesmente uma das melhores histórias que eu já vi. Sandman é o rei dos sonhos, uma encarnação do próprio Sonho em si. Lindo, maravilhoso.
E a areia está lá, ora soprada nos olhos, ora em um deserto onde tempo e espaço convergem em nem-uma-coisa-nem-outra, ora nas lendas das Mil e Uma Noites e em outros lugares que eu não me lembro agora.
É uma história muito especial, não só por ter me dado aquele feeling de quando uma história é excelente, bem feita, bem contada (veja meu post The Rest is Silence, de 05/10/2001, para saber do que eu estou falando), mas também por ter sido a única história em que a minha curiosidade foi superada pelo meu medo da história acabar para sempre. Eu demorei mais de três meses para criar coragem de ler o livro final, e o fiz com um aperto danado no coração. Me despedir dessa história está na lista de coisas mais tristes que eu já tive que fazer. Mesmo.

Calliope
E-mail novo e o Princípio da Incerteza de Heisenberg

Estou com um e-mail novo em um servidor novo. O atrativo é que ele mostra quando a pessoa leu seu e-mail. No começo eu achei muito legal, assim eu saberia quando leram e se leram o que eu escrevi. Depois de um tempo eu vi o lado ruim. Você manda um e-mail super importante para aquela pessoa especial e ela não te responde. Começa a pairar a dúvida: será que ela leu e não quis responder ou será que ainda não recebeu meu e-mail? Sabe o Princípio da Incerteza de Heisenberg? Enquanto a caixa está fechada o gato está 50% vivo e 50% morto. Esse novo servidor de e-mail abre a caixa e te diz: sim, ela leu seu e-mail e não quis responder. Pode ser decepcionante.
Mas eu não me importo, sempre opto pela verdade, mesmo quando ela significa renunciar à felicidade. Então, prefiro saber se a pessoa leu e não quis responder do que ficar imaginando que ela não deve ter lido.
Agora, para quem prefere a dúvida/esperança, não recomendo abrir conta no Gogo.

Alice

quinta-feira, novembro 08, 2001

Terapia

Comecei a fazer terapia de novo. Sim, em meus 19 anos de vida já passei pelos consultorios dos psicólogos quatro vezes. Na primeira eu tinha cinco anos!!! Vocês tão vendo que na mais tenra idade eu já era problemática.
Mas tudo bem, pelo menos dessa vez foi por vontade minha, e não de alguma escola que não conseguia me ajustar no seu corpo discente. As vezes penso que são as conselheiras dessas escolas que estão precisando de terapia...
Eu estou achando muito legal, apesar de todo o meu preconceito contra pisicologos, psiquiatras e terapeutas do gênero, mas só com duas sessões não da pra ver efeito algum. Queria que fosse mais rápido.

Calliope

quarta-feira, novembro 07, 2001

Na faixa

Aiai... Ontem fui fazer um frila pruma revista de culinária japonesa, e ganhei três drinks de sakê na faixa! Cada um custaria acho que uns 9 reais. Hmmmmm... e eram mucho buenos! Tá certo q também tive q comer ostra (bléecatch), mas tinha tbm uns espetinhos grelhados.. nham nham! Tô pensando seriamente em fazer carreira como jornalista gastronômica (é assim que chama?), hahahaha! Brincadeira, viu gente.

Kit
Cat Power, ou como um show deve ser feito

Acabei de chegar do show da Chan Marsall, a.k.a. Cat Power. Foi muiiiito bom. Arriscaria dizer que foi o show mais bonito que já vi (nota: mais bonito não quer dizer melhor). O show de fato era dela. No palco apenas Chan, seu violão e seu piano. Senti até uma pontinha de solidão, porque ela não tinha a quem recorrer, trocava o microfone de lugar, arrumava o amplificador, tudo sozinha. É corajoso fazer algo assim. Hoje ela deu uma entrevista na Folha dizendo que há tempos ela não faz um show com banda e que prefere assim, pois ela tem total controle sobre o que acontece, se algo der errado é culpa apenas dela e, o que me deixou um pouco perturbada, que com um monte de gente no palco seu papel é apenas de entreter o público. Na hora não me fez muito sentido. Agora percebi o que ela quis dizer. Tipo, o som do show era bem baixo, dava pra ouvir até as batidas de pé dela, qualquer erro era perceptível. E se ela cansasse e quisesse tomar água, não ia ter um solo de guitarra ou bateria para cobri-la enquanto ela fazia isso. Em um grande show de rock tem muito barulho, muito exagero, glamour. Os caras erram letras, notas, acordes e ninguém nota. As pessoas vão pelo espetáculo, pelo teatro, não pela música. A banda de fato está lá para entreter as pessoas e não para mostrar sua arte.
Outra coisa que me chamou atenção no show foi sua despretensão. Ela errou, parou, conversou com o público, parecia mais um ensaio entre amigos do que um show. Nada daquele lance de querer fazer um espetáculo perfeito, milimétrico, nada de “lirismo comedido”. Foi sincero, humano. Como se ela quisesse provar que não é grande coisa, que é apenas mais uma como a gente que estava lá. A perfeita antítese do mega-star.
Se um dia eu fizesse um show gostaria que fosse assim. Intimista no sentido de ser íntimo do público. Despretensioso, verdadeiro, natural. Chan, foi lindo. Parabéns.

Alice

terça-feira, novembro 06, 2001

Sobre sentir falta das coisas

Definitivamente andar de carro em São Paulo é uma guerra. Não me assusta que tanta gente se estresse, brigue e mate outras pessoas no trânsito. Saí hoje de casa às 7h30, demorei mais que o dobro do tempo para chegar ao trabalho, um ônibus quase bateu em mim e quando cheguei ainda demorei mais um tempão para conseguir um lugar para parar o carro. No fim, tive que estacionar na PQP. Andar de ônibus é muiiiiito melhor. Se tiver trânsito, você dorme. Nunca precisa procurar vaga, desde quando dá na telha. Estou abolindo de vez o uso de carro nos dias de semana.
Ah, sim, além disso, só hoje descobri que meu carro não tem cinzeiro nem acendedor de cigarro. Eu nunca tinha reparado nisso, porque nunca tinha precisado. Foi a primeira vez que fumei enquanto dirigia e só agora fez falta. É mesmo, a gente só consegue reparar nas coisas quando elas fazem falta.

Alice

segunda-feira, novembro 05, 2001

Liturgia das Horas

Quero indicar um outro blog: Liturgia das Horas (www.caraiba.blogspot.com). O autor é um escritor curitibano que vive no Rio de Janeiro mas nunca abandonou aquele sotaque gostoso de quem vem do sul. Está para lançar um livro de contos pela Imprensa Oficial do Paraná. Gosta do que toca a carne, do que é de sangue, de dores e sensações fortes. Nada de emoções fingidas e cigarro light. Entre um mate e outro toma conta de sua gata e escreve no blog. Seus textos sempre têm relação com os livros, o cinema e as dores desse mundo. E digo que esse homem do mesmo signo que o meu não tem medo de viver. É dono de coragem para dizer sim e ser "íntimo do mistério", como ele mesmo diz.
Outra coisa que o faz especial é aguentar essa "menininha", ouvir suas bobagens e se dispor a discutir literatura com ela. :o)
Vale a pena dar uma espiadinha no seu "diário de leituras e contatos".

Alice
Para a Akasha, sobre as fotos

Sabe aquela coisa que você disse sobre não gostar de tirar fotos? Acho besteira. Os argumentos de quem não gosta de tirar fotos normalmente são: ah, não sou bonita, não sou fotogênica, meu cabelo tá feio. Mas, olha só, se você não é bonita, todo mundo está te vendo assim o tempo todo. Na foto você ainda tem tempo de arrumar o cabelo, dar um sorriso, tentar aparecer pelo seu melhor ângulo. E se a foto ficar ruim, jogar fora. Agora no dia-a-dia não dá para se mostrar o tempo inteiro na sua melhor pose.
Outra coisa: se você se preocupa com o futuro, pô, vai ser outro tempo, você já vai ser outra pessoa. Não adianta tentar fugir de quem já foi.
Eu não sou bonita e não me importo de tirar fotos. Todo mundo me vê assim o tempo todo, qual o problema se isso vai ser impresso em papel ou não?

Alice
The award e pessoas

Akasha, adorei seu poema!!! Muito bom, mesmo. Uma pergunta apenas: por que em inglês e não em português? Agora, comentários:
The award I'm looking foward to receive: I don't know where it is or even if it exists, if I deserve it and I'll get it or not... I don't know. I still looking for... This remember me a Wonder Years' episode... in portuguese: "Passamos nossa juventude procurando alguém para amar, alguém que nos complete. Escolhemos parceiros, trocamos de parceiros. Dançávamos uma música que falava de dor e esperança enquanto imaginávamos se em algum lugar existe alguém perfeito, procurando por nós". Será?
A dificuldade de achar pessoas interessantes: é foda achar gente interessante. E quando você acha algumas pessoas muito, muito interessantes você tende a ficar seletiva demais e achar as pessoas cada vez menos interessantes. Aí é preciso algo realmente bom para te impressionar. Quando eu disse sobre achar alguém que logo de cara é legal, que logo de cara você sente que não quer perder, não tem a ver com amor, mas com afinidade, tipo daquela que a Kit falou, que existe entre amigos. Mesmo essa é difícil.

Alice

domingo, novembro 04, 2001

Seminário de política e o idiota da Blockbuster

Maldito Chomsky! Droga, preciso terminar um seminário para amanhã de manhã e simplesmente não consigo. Acho que me falta capacidade mental para organizar o pensamento de 70 páginas em 30 minutos de palestra e duas folhas digitadas. Até hoje não aprendi a fazer isso, acho que nunca vou aprender. Mas, como a professora não vai aceitar essa explicação, resolvi escrever para ver se desobstruo a mente e consigo voltar a raciocinar.
Hoje fui até a Blockbuster comprar uma fita de vídeo e fiz uma coisa que não costumo fazer. Quando fui pagar, peguei a fila mais comprida, simplesmente para ser atendida por um certo rapaz. Ele não era bonito, mas algo nele me lembrava o Edward Norton (que eu acho lindo, principalmente em O Clube da Luta) e o crachá dizia que o nome dele era Fábio. Enquanto ele atendia o casal na minha frente, fiquei observando e estava ansiosa para que chegasse logo a minha vez e ele falasse comigo. Não é relevante, mas estava tocando Faroeste Caboclo. O casal foi embora, ele me chamou. Quando me disse "Boa Tarde" fiz questão de responder com um sorriso enorme. Ele não retribuiu. Perguntou automaticamente, como deve fazer centenas de vezes por dia, se eu não queria mais nada, registrou o que eu estava levando, disse "R$12,70", pegou meu cartão, passou, deu o papel para eu assinar, me entregou meu pacote e disse tchau. Não fez nada de especial, não puxou conversa comigo, não sorriu para mim. Quando eu estava saindo percebi que ele mancava. Pode ser que estivesse só com o pé machucado ou poderia ser uma coisa permanente, não sei. Mas isso alidado a ele não ter esboçado nenhuma simpatia por mim fez com que o cara perdesse toda a graça. Engraçado como eu consigo me desencantar pelas pessoas tão rápido. Uma coisa errada que ela diz, um gesto descuidado, a falta de um sorriso, qualquer coisa é motivo para que eu perca o interesse. Sou exigente demais, gostaria de ser mais tolerante, menos chata. Com certeza eu teria muito mais amigos e pretês. Por outro lado, ser seletiva é bom, você só anda em companhia de pessoas que realmente valem a pena. E quer saber? Não é culpa minha se o idiota da locadora não sabe nem ao menos sorrir para uma garota. Perdeu a oportunidade. E eu não perdi meu tempo com alguém que não vale a pena.
Droga, por que é tão difícil encontrar pessoas interessantes, daquelas que logo de cara você sabe que não quer perder nunca mais?
Será que existe alguém assim procurando por mim? Se sim, onde está você?

Alice
Sintonia

Outro dia encontrei por acaso uma amiga que há muuuito tempo eu não via. O mais legal foi que a gente conversou e riu exatamente como costumávamos fazer na época do colégio. Ela está mais madura, percebi que cresceu, que mudou bastante. Mas continua a mesma pessoa, entende? E isso me deixou contente, com uma sensação leve. Foi bom saber que apesar de cada uma estar vivendo sua vida, ainda existe aquela sintonia.
Só que num outro dia, encontrei uma outra amiga de colégio. A gente se dava super bem, ela era uma das minhas melhores amigas. E aí eu percebi que ela também não tinha mudado nada. Continua igualzinha, mas isso me incomodou... Pq ela continua ingênua, continua pensando como pensava no colegial. Ela não mudou, não amadureceu. Não que eu tenha amadurecido muito, mas acho pelo menos deixei de ser um pouco bobinha. E aí o papo não fluiu, e fiquei mal com isso. Estranho né? Parece que não tínhamos mais a tal da sintonia. Vai entender.

Kit
Declaração de amor num dia cinza

O dia tá cinza, tá chovendo, odeio isso. Botei o CD do Gorillaz para ver se dava uma animada, mas nem. Pelo menos uma coisa boa: uma amiguinha me mandou um e-mail. A gente estava sem se falar por um tempo (desde que fiquei sem ICQ) e eu estava sentindo a falta dela. A gente se dá muito bem apesar da distância e ela é um amor de pessoa. Em épocas como essas é legal saber que ainda tem gente que se lembra e se preocupa com você.
Pausa para uma declaração de amor: AMIGUINHA, TE AMOOOOOOO!!!!

Alice

sexta-feira, novembro 02, 2001

Sobre um huguenote

Quinta-feira um huguenote me disse que eu era uma boa amiga no momento porque eu estava down, assim como ele. Esse também é o cara que disse que eu estava muito chata aqui no blog porque só falava de coisas deprê. Bem, ele me fez lembrar de um poema lindo do Manuel Bandeira. Ah, mas antes disso gostaria de indicar o blog desse meu amigo: huguenote.weblogger.com.br. Ainda tem pouca coisa escrita, mas os textos são bons e esse menino, apesar de ser novinho (haha, isso foi uma provocação), tem coisas interessantes a dizer. Agora, o Bandeira:

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é de sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústica rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

Alice
Aulas de teclado

Bradamante e Akasha, acho que querer fazer música não é só questão de rebeldia e "status". É também vontade de fazer algo que a gente admira. Eu adoro música e acho que por isso andei me aventurando pelas aulas de teclado. Se não me engano, duraram um ano, e nesse meio tempo também aprendi a tocar órgão. Eu adorava ficar fazendo os acordes no pedal, o som era muito mais forte, não se pode fugir dele, parecia que penetrava a alma. Bem mais legal que o barulho eletrônico do teclado.
Tocar não era um ato de rebeldia para mim (também, tocar órgão está bem longe disso), tinha a ver com querer fazer música, não ser uma ouvinte passiva mas também capaz de produzir aquilo que eu tanto gostava. Nunca consegui muita coisa, é claro. Mas pretendo voltar a fazer aulas. Podíamos todas fazer aulas e montar uma banda, que tal? Ia ser divertido, dava para tentar fazer um mix de Blur, Bon Jovi e Alanis... freak!!!

Alice

P.S.: Aquilo que a Akasha falou sobre tocar Come as You Are. Lembrei que um cara pelo qual fui apaixonada quando eu tinha uns 15 anos me ensinou a tocar o comecinho dessa música no teclado... acho que já não me lembro mais como era, mas foi muito especial para mim. Duas coisas lindas ao mesmo tempo: Nirvana e aquele boyzinho metido a punk.

quinta-feira, novembro 01, 2001

Sua vida não é um seriado de TV

Uma vez me disseram isso. E eu concordo. Minha vida não é um seriado de TV, não é um filme, não é um livro. Se fosse seria muito mais fácil. Eu poderia mudar de canal, sair do cinema, fechar o livro. Bem, mas atualmente meus dias são músicas. Cada dia uma. Ontem era Undone: The Sweater Song. Hoje é essa:

"Singing this song
Singing along
Makes it easier for me to see you go
But in doing so
It only serves to show me
that I'm still in love with you"


Alice
Cinema Terapia

Acabei de ver um filme liindo na mostra. O Amor de Nabie. Filme japonês, com fotografia linda, idéias ótimas, história muito boa. Chorei muito. O filme não é de fazer chorar, mas estou sensível, chorei, chorei, chorei de soluçar. Foi como uma terapia. Sentar lá, assitir ao filme e botar tudo pra fora no escuro onde ninguém pode te ver. Estou me sentindo renovada.
E tenho de admitir que o Skank ainda faz letras boas. "Sim, ela vai achar alguém para a vida inteira, como você não quis. É fácil perceber que a sorte escolheu você e você cego nem nota..."

Alice