quinta-feira, setembro 27, 2001

Triste reencontro
Hoje eu encontrei um ex-amigo. Não sei se esse é o termo exato. Ele é um amigo com o qual perdi o contato. Foi estranho, pois ele mudou muito. E pareceu triste. Não conversou comigo olhando no meu olho, não agiu como se me conhecesse há tanto tempo (acho que uns três anos).
Fiquei meio incomodada. Ele é um ou dois anos mais novo que eu e sempre o tratei como um irmão mais novo. Dei tanta atenção que ele começou a confundir as coisas e ficou a fim de mim. Ele veio pedir para ficar comigo, eu disse não, pois estava ficando com outro cara, ele disse que não ia desistir porque gostava muito de mim. Eu comecei a namorar o cara com o qual estava ficando e ele nunca mais tocou no assunto.
Ele sempre foi carente e problemático. Fiquei me sentindo meio mal hoje, pensando que poderia ter dado mais atenção a ele exatamente por saber que ele se importava muito comigo. Agora ele se afastou de todos os nossos amigos em comum e quando falou comigo perdeu toda aquela ternura, todo aquele jeito meigo. Sempre que ele me via me chamava de menina linda e dizia que estava muito feliz por me ver. Hoje foi como se eu nunca tivesse passado de uma conhecida.
Odeio me perder das pessoas. Sei que as coisas não são eternas, que as pessoas sempre vão embora (seja porque morrem ou porque escolhem ir), mas não consigo lidar bem com isso.

Alice
Memento III ou Questionamentos sobre a Felicidade
Lendo o que a Calliope disse sobre Memento, "teria uma satisfação puramente momentânea", questiono: será que existe alguma satisfação que não seja momentânea? Alguém acredita em felicidade eterna? Tudo na vida são momentos. A diferença do cara do filme é que ele podia ter bons momentos mas depois não se lembraria deles.

Alice, a cética

quarta-feira, setembro 26, 2001

Memento II (Não aconselho a leitura desse texto se você ainda não viu o filme "Amnésia". Depois não diga que eu não avisei!)

"O que você gostaria de esquecer?" foi a pergunta que Akasha me fez na saída do cinema.
"As minhas desilusões", respondi.
Eu já tinha pensado nisso algumas vezes, mesmo antes do filme. Não seria maravilhoso poder começar de novo? Sem desconfianças, paranóias ou cicatrizes atrapalhando? Há momentos que eu invejo bastante o cara do filme.

Mas não é bem assim, é? Em algum lugar perdido na minha cabeça, há uma vozinha dizendo que esquecer não é o que eu desejo de verdade. E ela está certa.
As desilusões são importantes e, principalmente, necessárias. Esquecê-las traria, como eu já disse, a inocência do começar de novo, mas isto implicaria em nova desilusão (voce não acredita no "E eles viveram felizes para sempre", acredita?) e novo desejo por esquecimento. Como no filme, você ficaria preso em um ciclo de esquecer - agir - esquecer novamente, e teria uma satisfação puramente momentânea.
Algumas lembranças são ruins, isso é inegável. Mas, boas ou não, elas são responsáveis pelo que somos hoje, pela nossa personalidade, comportamento e caráter. Sem elas, eu não seria quem sou. E, com todas as impicações existentes, os os meu defeitos e qualidades, jamais desejaria ser uma pessoa diferente.

Calliope

terça-feira, setembro 25, 2001


Aqui vou eu. A terceira das sete universitarias desencanadas a escrever nessa maluquice de diário coletivo. Aos poucos nós vamos aparecendo...

Calliope

Já que eu estou tomando o nome dela emprestado, nada mais justo que lhe prestar uma pequena homenagem e relembrar sua história. Segundo a mitologia grega, Calliope era uma das nove filhas de Zeus e Mnemósine, conhecidas como as Musas. Seu trabalho era inspirar os artistas da época e cuidar para que eles fizessem belas obras. De acordo com os gregos, a morte do espírito não se dava enquanto existisse no mundo alguém que se lembrasse da pessoa ou de algo que ela havia feito. Daí a importância das obras artísticas: você viveria para sempre se a sua obra durasse tanto.
Calliope era a mais nova de suas irmãs, inspiradora da poesia épica e trágica (foi a Musa de Homero, por isso acho que ela fez um bom trabalho). Ela teve um filho, Orfeu, o rapaz que com sua música poderia fazer as árvores dançarem. O moço teve uma história bem triste: perdeu a amada muito cedo e desceu até o Hades para tê-la de volta, ao menos por algum tempo. Não conseguiu.

Eu gosto de pensar que, apesar de nós estarmos em um tempo e lugar bem diferentes da Grécia mitológica, as Musas ainda estão por aí, inspirando gente e cuidando para que o mundo conheça a arte. E por que não estariam aqui também, inspirando esta garota? Pretensão minha? É, até pode ser. Ou não.

Calliope

PS. Outro motivo pelo qual eu escolhi Calliope para ser meu nome e minha musa. O pai de Orfeu, que algumas vezes é retratado como um estranho de vestes negras e outras como Apolo (Deus do Sol e patrono das artes), foi mostrado por um certo escritor de histórias em quadrinhos como Oneiros, Príncipe das histórias e Senhor dos sonhos (já descobriram de onde vem a palavra onírico?). Eu, pessoalmente, prefiro esta última versão da lenda, mais mágica e mais condizente com o que eu imagino de Orfeu.
Sem contar a platoníssima paixão que eu venho nutrindo de uns tempos pra cá pelo Lorde do Sonhar.

segunda-feira, setembro 24, 2001

Esquecimentos

Muito engraçado ler o que a Akasha escreveu sobre Memento depois de um fim de semana de muita chapação para tentar não pensar na vida - aliás, nas últimas duas semanas estou saindo para baladas consecutivas e intermináveis para não ter muito tempo ocioso que eu possa gastar pensando. E já sei o que gostaria de esquecer, ou melhor, de ter esquecido. Gostaria de ter esquecido de dizer certas coisas, de tentar ser forte quando na verdade não sou, de tentar ganhar sempre, de ser estúpida e intransigente. Mas agora não tem volta e o que eu posso fazer é tentar esquecer de fazer essas coisas daqui para frente.
E acabei de me lembrar de mais uma coisa que eu esqueci: de pegar o telefone de um cara que eu preciso ligar para fazer uma matéria...

Alice

sexta-feira, setembro 21, 2001

Scully sem Mulder, Kevin sem Winnie
Cada vez me sentindo mais abandonada. Como disse a Sara uma vez: "Se alguém te ama o suficiente para te pedir em casamento você deveria amá-lo o suficiente para dizer sim". Só que a vida não é justa, não é mesmo? Nesse momento ele estaria me dizendo "sua vida não é um seriado de TV".
Silêncio em um diário
Como a Akasha já inaugurou o blog sem autorização e sem comunicar devidamente todas as outras seis garotas, minha primeira mensagem talvez não seja tão especial e empolgada quanto deveria ser.
É estranho começar esse blog, que eu prefiro chamar de diário, justo hoje. Isso porque recebi um e-mail do meu "amigo colorido" que falava do silêncio e do quanto ele era importante. Engraçado ter passado o dia pensando no silêncio e logo depois começar um diário, lugar em que você fala, se expõe, se derrama pelo mundo e acaba se entregando aos outros e até mesmo perdendo controle sobre si mesmo. Num diário como esse, que pode ser lido por qualquer um, seus pensamentos são de domínio público e no momento que alguém os lê, se apropria deles e você perde um pedaço de si mesmo.
Mudando de assunto, sete é um número interessante. Acho que esse diário tem um quê de místico e isso me agrada. Agora essa história de que a prioridade é por textos polêmicos é muito discutível. É a opinião pessoal e desautorizada da Akasha. Minha prioridade é por textos com conteúdo que incite reflexão.
Por enquanto, é isso. Sweet dreams.

Alice