quarta-feira, novembro 07, 2001

Cat Power, ou como um show deve ser feito

Acabei de chegar do show da Chan Marsall, a.k.a. Cat Power. Foi muiiiito bom. Arriscaria dizer que foi o show mais bonito que já vi (nota: mais bonito não quer dizer melhor). O show de fato era dela. No palco apenas Chan, seu violão e seu piano. Senti até uma pontinha de solidão, porque ela não tinha a quem recorrer, trocava o microfone de lugar, arrumava o amplificador, tudo sozinha. É corajoso fazer algo assim. Hoje ela deu uma entrevista na Folha dizendo que há tempos ela não faz um show com banda e que prefere assim, pois ela tem total controle sobre o que acontece, se algo der errado é culpa apenas dela e, o que me deixou um pouco perturbada, que com um monte de gente no palco seu papel é apenas de entreter o público. Na hora não me fez muito sentido. Agora percebi o que ela quis dizer. Tipo, o som do show era bem baixo, dava pra ouvir até as batidas de pé dela, qualquer erro era perceptível. E se ela cansasse e quisesse tomar água, não ia ter um solo de guitarra ou bateria para cobri-la enquanto ela fazia isso. Em um grande show de rock tem muito barulho, muito exagero, glamour. Os caras erram letras, notas, acordes e ninguém nota. As pessoas vão pelo espetáculo, pelo teatro, não pela música. A banda de fato está lá para entreter as pessoas e não para mostrar sua arte.
Outra coisa que me chamou atenção no show foi sua despretensão. Ela errou, parou, conversou com o público, parecia mais um ensaio entre amigos do que um show. Nada daquele lance de querer fazer um espetáculo perfeito, milimétrico, nada de “lirismo comedido”. Foi sincero, humano. Como se ela quisesse provar que não é grande coisa, que é apenas mais uma como a gente que estava lá. A perfeita antítese do mega-star.
Se um dia eu fizesse um show gostaria que fosse assim. Intimista no sentido de ser íntimo do público. Despretensioso, verdadeiro, natural. Chan, foi lindo. Parabéns.

Alice

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