domingo, julho 01, 2007

Rodeio!

Um dia, por motivos de trabalho, acompanhei um evento de rodeio.
Os caras estão mais cuidadosos, falam que o animal não sofre, é bem tratado e que os defensores dos animais são muito radicais.
Ok, então deixa eu confinar esses caras, levar num caminhão lotado até um recinto. Lá, fazê-los esperar por horas atrás de um palco ouvindo um som absurdo sertanejo, assustador, fogos de artifício e baboseiras. Como não há espaço, uns acabam sendo pisoteados. Normal. Aí, de repente, eu abro uma portinha e eles vão ter que ir até lá. Ai, mas uns não entendem né? Vamos dar uns chutes pra ver se eles saem? Xii, não funcionou. Que tal uns choques?? Ah, agora sim.
Bom, eles não vão entender que precisam pular pra fazer a gente vibrar. Melhor prender o saco deles e apertar. Pronto, bem apertadinho. Agora eles pulam bonito, nossa demais!
Hum, ainda assim parecem calmos.. melhor dar uns chutes, puxar as orelhas com força, bater na cabeça. Que tal chutar a cabeça deles?? Machucar os olhos, botar o dedo? Pronto, parecem bravinhos. Vamos apertar mais o sedenho. Agora vai.
Uau, que show! O público se diverte. A criança grita comendo algodão doce "olha mãe, que legal!". Que maravilha!
Pouco importa se o animal sofre ou não, o que importa é ter mulherrrr bunita, churrasquinho, cerrrvejaa e Bruno e Marrone, uhuuu! Demais, isso que é vida!
É triste. Muito triste ver pessoas com vidas vazias, sem sentido, divertindo-se sadicamente com tão pouco.
Depois disso, comecei a pesquisar sobre o assunto e achei o Instituto Nina Rosa, que faz um trabalho muito bom em relação aos animais.
Ah, e soube que um dos sedenheiros, aquele cara que aperta o saco do boi, enforcou-se. Não deve ter suportado a infeliz profissão.
Bom, lembrei desse assunto porque ontem ouvi essa música e achei o máximo:

Odeio Rodeio
(Composição: Chico César)


Odeio rodeio e sinto um certo nojo
Quando um sertanejo começa a tocar
Eu sei que é preconceito, mas ninguém é perfeito
Me deixem desabafar

A calça apertada, a loura suada, aquele poeirão
A dupla cantando e um louco gritando “segura peão”

Me tira a calma, me fere a alma, me corta o coração
Se é luxo ou é lixo, quem sabe é bicho que sofre o esporão

É bom pro mercado de disco e de gato, laranja e trator
Mas quem corta a cana não pega na grana, não vê nem a cor
Respeito Barretos, Franca, Rio Preto e todo o interior
Mas não sou texano, a ninguém engano, não me engane, amor

Mulher do Padre

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