quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Nacionalidade

No mês passado umas amigas do Brasil vieram me visitar e comentaram que eu tava ficando muito japa. Pode ser! Porque se até os japas às vezes me confundem com os nativos e os brasileiros que vivem aqui não me reconhecem de primeira, é porque devo estar mesmo. O problema é que, pra elas, isso tem um significado horrível (detalhe: elas também são nikkeis)!
Nós viajamos juntas pro sudeste asiático e todo mundo vinha perguntar se a gente era japonesa, chinesa ou coreana. Perguntaram até se éramos vietnamitas, malaias, filipinas e uma lista gigante de outras nacionalidades asiáticas. Só que elas ficavam ofendidíssimas, do tipo, "que absurdo, como é que podem nos confundir com esses povos desengonçados, bobos, feios ou bregas, se somos brasileiras calientes que sabem sambar e amam futebol?!?!" E faziam questão de explicar pra cada um, até mesmo pra esses pedreiros que jogam cantada à toa na rua, que os-avós-imigraram-para-o-Brasil-e-tiveram-filhos-e-netos-que-nasceram-e-foram-criados-no-Brasil-e-portanto-somos-brasileiras-do-Brasil-e-não-venha-me-cumprimentar-com-ohayou-nihao-nem-annyeong-haseyo. Ronaldinho! Kaká! Samba! Caipirinha!
Afe... não entendo pra que tanto estresse. Não sei se eu que sou desencanada demais, mas não vejo problema nenhum em as pessoas acharem que sou da Ásia! Afinal, tendo uma cara dessas, ninguém tem obrigação de saber que sou... do Brasil, ué! Quem é que vai imaginar?! Daí comecei a pensar nessa coisa de identidade e nacionalidade... Fico meio triste em saber que minhas amigas tenham esse sentimento de superioridade e até certo desprezo com relação às próprias raízes, sem nem ao menos conhecer e tentar entender essa cultura tão rica dos nossos ancestrais. Elas disseram que não é questão de se achar superior, mas sim de não querer ser estereotipada só pelo fato de ter olhos puxados. Ok, elas têm sua razão. Mas não penso que chega a ser ofensivo ser confundida com pessoas de outras nacionalidades, ainda mais quando nossas características físicas apontam pra isso. Talvez, como lá no Brasil todo mundo taxa a gente de japa o tempo todo - e muitas vezes tirando sarro -, negar a raiz acaba virando uma reação automática, inconsciente, sei lá. A gente fica querendo afirmar o tempo todo que é brasileira, brasileira, brasileira...
Mas aqui no Japão convivendo com gente de todo lugar do mundo, comecei a ver a riqueza e beleza que cada cultura tem e que tenho muito a aprender com elas. E que a minha nacionalidade nem é algo tão importante se eu tiver convicção de quem sou e aceitar quem os outros são também.
Por isso, não ligo, mas não ligo mesmo quando pensam que sou japa ou de qualquer outro país que seja. Acho até legal saber que posso passar despercebida por tantos lugares. Quero mais é ser cidadã do mundo!

Kit.

3 comentários:

  1. Anônimo2:59 PM

    Ah, eu não ligo de ser chamada de japa...na verdade, ser japa é melhor do que ser brasileira. Agora, quando falam que eu sou chinesa, aí agride...

    ResponderExcluir
  2. Anônimo2:50 PM

    Concordo com tudo q escreveu. Vc é uma mulher superior, do mundo, no bom sentido :)
    Não adianta, Kit, em qq lugar vc vai se deparar com provincianismos...

    ResponderExcluir
  3. Anônimo12:48 PM

    Oiiii!!
    Vim deixar um comentario aqui , que adorei seu blog , vou visitar ele muitas vezes , pdoe ter certeza !!
    Gostei bastante!!
    Entrei na comunidade "alto nível, de pessoas altas....fiquei lendo os comentarios das pessoas pelo seu topico..adoreiiiii, falouuu muito bem!!
    deu sua opnião que concordo com ela!! Pois homens altos eu so vejo com bauxinhas =/!
    Parabéns ...vou estar lendo sempre tah! muito interessante!! Bjo
    Mariane Franco

    ResponderExcluir