terça-feira, agosto 03, 2004

Não quero ser grande

Pode parecer curioso, mas em um estranho contexto percebo que entro definitivamente para o mundo dos ‘adultos’.
Semana passada fui, pela primeira vez, a um velório sem a presença de meus pais. Foi estranho. Estar ali, ter que cumprimentar e consolar os parentes da falecida, que era irmã de uma querida amiga, ter que dizer palavras de afeto sem ser piegas, oferecer ajuda... Mas o máximo que consegui foi dar um abraço nela. Que ódio! Eu era o próprio Will, aquele personagem fútil que não sabia lidar com os problemas reais, do livro ‘Um Grande Garoto’. Inclusive, havia assistido ao filme homônimo dias antes.
Na missa de sétimo dia, comecei a observar um garoto que brincava no banco da frente. Devia ter uns 5 anos. Uma graça. Ele não estava muito interessado nas palavras do padre, queria é brincar e sair logo dali. Começou a correr pela igreja imitando um avião. Adorei aquele moleque. Ele fez com que eu me lembrasse dos tempos em que eu podia ficar do lado de fora, junto com as crianças, longe dos adultos e das responsabilidades. Como eu quis me juntar àquele menino. De repente, uma amiga me cutuca ‘Ei, ouviu o que o padre disse? Isso é a sua cara!’. ‘O quê?’, respondi. ‘Você não ta prestando atenção? Ta pensando em quê?’. ‘Nada, em nada’. O que eu poderia responder? Que estava morrendo de vontade de correr pela igreja imitando um avião como o meu amiguinho da frente? Melhor não. Melhor me concentrar e tentar prestar atenção nas últimas palavras do padre.

Mulher do Padre

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