quinta-feira, abril 04, 2002

Retrato de um Esquisito

Quando se diz a alguém que o nickname do cara é Esquisito, sua primeira
reação é rir. O que é bem natural, já que uma pessoa que se diz esquisita
deve mesmo ter alguns parafusos fora do lugar. E aí você pede para a pessoa
tentar imaginar como o tal Esquisito seria e a primeira imagem que vem à
mente é de um cara que usa roupas que não combinam entre si (tipo uma calça
azul xadez com uma camisa listrada vermelha e amarela), um cabelo com um
corte meio bizarro e uma cara que te faz rir só de olhar. Além disso, O
Esquisito (que por usar o artigo definido ainda evoca para si a qualidade de
ser singularmente fora do comum) deveria fazer coisas bem estranhas, tipo
comer banana com molho de tomate, lavar o cabelo com sabão de coco e trepar
de meia.
Confesso que pensei pelo menos metade dessas coisas quando ouvi falar dele
pela primeira vez. E depois de ler seu blog, continuei achando que ele usava
roupas estranhas e comia banana com molho de tomate.
Daí começamos a nos falar. E, conforme o diálogo evoluía, eu fui
percebendo que ele não era tão esquisito assim. Pelo menos não da maneira
que eu achara. Ele é esquisito simplesmente porque é diferente do
"standard". É inteligente pra caramba e pega onda. É apaixonado por O Clube
da Luta, mas também adora Bob Esponja Calças Quadradas. Escreve muito bem,
só que nunca estudou nada ligado a letras, comunicação ou qualquer coisa do
tipo. É gentil, meigo, atencioso, sensível e não é gay. Gosta de música
indie mas não tenta se parecer com nenhum vocalista de banda
britânica.Colecionava O Monstro do Pântano e não é nerd. Usa óculos de sol
na cabeça e não é boy.
Hoje eu fico pensando como foi bom tê-lo conhecido sem que o tivesse
visto. Isso porque eu tenho quase certeza de que se a gente tivesse se
cruzado na rua ou em alguma balada, eu não teria parado para falar com ele.
Não porque ele seja feio - na verdade ele é lindo! - mas sim porque ele tem
um quê de boyzinho. E aí, por um preconceito bobo, eu teria deixado de
conhecer alguém que se tornou muito especial para mim. Acho que ele me fez
uma pessoa melhor, que nunca mais vai deixar de conversar com uma pessoa só
porque ela não parece ser alguém de quem eu fosse gostar. Tá vendo? Ser
esquisito, no fim das contas, não é tão ruim assim.

Alice

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