Eu odeio maionese.

Maionese é uma gosma branca, gelada, com um cheio horrível. Nojenta. Estraga o sanduíche e engorda. Parece aquela babinha que fica no rastro da lesma, sabe? É isso que a maionese me lembra: a babinha da lesma.

Maionese e eu nos conhecemos na infância, nas festinhas de aniversário. Que sádica mamãe teria inventado aqueles sanduichinhos-canapé com maionese e outras coisas nojentas dentro? Eles eram horríveis, enjoados e não tinham nada a ver com criança. Mas as mamães ficavam andando pela festinha com a bandeja, e eu ficava com vergonha de ser a única pessoinha a recusar o treco. Então eu escolhia o menor, dava uma mordidinha na ponta sem recheio e colocava o resto no bolso - ou no vaso de planta mais próximo.

Muito tempo depois, já sabendo reconhecer de longe quais canapezinhos eram seguros e quais não eram, eu ainda sofria com o preconceito. "Ahn, eu não como maionese". O ar sério da frase fazia com que as pessoas respeitassem a minha escolha pelo por alguns segundos, antes que: "por quê? você não pode?" Bom, a verdade é que "eu não gosto" - e recebia aquela cara de "credo, que menina fresca". Dependo do potencial da cara de nojo da pessoa, eu mentia: "ahn, eu não posso, mesmo", fazendo um gesto que indicasse um piriri inespecífico.

Mas agora eu estou livre! Ontem fizemos o primeiro Power Freak Pic-nic e, discutindo por e-mail o cardápio, descobri que não sou a única que tem uma desavença mortal com o tal condimenta.(!) E agora posso fazer careta à vontade.

Naftalina, que no meio das outras PFG se sente menos freak e menos fresca.

ps. maionese pode ser substítuida na maioria das receitas por requeijão, ricota, creme de leite ou iogurte.