sexta-feira, março 22, 2002

A história do gato

Eu tava parada num cruzamento com a minha mãe. De repente um gato começa a miar. Normal, pensei, tem um gato miando.
Aí o gato começa a miar mais alto, mai intensamente, mais desesperado (vcs já viram o miado de um gato desesperado? É totalmente freak. O som tem uma ligeira semelhança comigo tocando violino, mas isso não vem ao caso. De um jeito ou de outro, não era um som muito agradável).

Eu cheguei a comentar "Putz, mãe, tão matando um gato...", mas ela já estava entretida com uma mulher no carro de tras fazendo uns sinais incompreensíveis (vcs já notarm que ninguem nunca consegue fazer um sinal compreensível no carro de tras? A pessoa sacode a mão e vc não faz a menor ideia se é "Seu peneu está murcho" , " Sua saia ta presa na porta" ou "Sua barbera filha da puta")

Ai a coisa começou (??) a ficar bizarra. A mulher desceu do carro (!!), chegou na janela e disse que viu um gato entrando dentro do motor (?!?!). Minha mãe, pura paranoia e falta de educação (nada pessoal, mãe, mas foi mesmo) fechou o vidro na cara da mulher dizendo pra mim que era golpe pra fazer a gente parar e descer do carro (Tá, eu sei que São Paulo é uma cidade perigosa e tudo mais, mas 1- Ela não estava ouvindo? 2- Será que um eventual ladrão não iria inventar uma desculpa um poukinho mais plausivel que "tem um gato no seu motor"?). O farol abriu, a mulher ultrapassou gesticulando (dessa vez eu acho que era "Sua barbera filha da puta") e a gente foi embora. Sem grandes surpresas.

Até a gente chegar na rampa da entrada da garagem. O gato começou a miar de novo. Aí ela se convenceu que tinha mesmo um gato no motor (repito:?!?!). Ela freou o carro (lembrando: na rampa da entrada da garagem!) e olhou pra mim com uma cara de putaquepariu, matei um gato! Tudo bem que o gato tava miando (vivo, portanto), mas deixa pra lá...

Muitos calma mãe, calma mãe, fui chamar o zelador do predio. Não da pra descrever a cara de "heim?!" do zelador quando ouviu a história, mas foi engraçado paca... Fomos ver o carro.

Ai virou zona:
-Entra debaixo do carro
-Vai buscar uma lanterna
-Tá vendo o gato?
-Não
-Quebrou o carro, vizinha?
-Não. Tem um gato no motor
-Heim?!
-Tem um gato no motor
-Como ele entrou lá dentro?
-Pega o macaco e sobe o carro
-Tá vendo o gato?
-Não
-Ele tá na bandeja (aos mecanicos de plantão, alguém sabe o que é bandeja?)
-Como ele entrou lá dentro?
-Esse modelo de carro não tem bandeja
-Como não tem bandeja? (repito: alguém sabe o que é bandeja?)
-Ele tá dentro do para choque
-Heim?! (dessa vez fui eu)
-Pega uma chave de fenda
-Voces vao desmontar o meu carro?
-Só vou tirar o para choque
-Como ele entrou lá dentro?
-Abriu
-AI!!! O filhodaputa me mordeu.
-Como é que tira ele dai?
-Pega uma luva daquelas de fogão
-Vai sujar de graxa
-Dexa pra lá
-Peguei o rabo dele, peguei o rabo dele!!!!!!
-Sai do caminho que eu vou puxar.
-Putz ele é grande!!
-Sai do caminho!!!!

Finalmente conseguimos tirar o gato do carro, que caiu a tres metros da gente com uma cara de não sei se fujo ou se bato em todo mundo. Não levou meio segundo pra decidir, principalmente depois que o zelador começou a correr atras dele.
Frase mais bizarra da noite (do meu vizinho xereta para o zelador): "Onde tem uma banca de jogo do bicho aqui perto? Amanha eu vou jogar no gato."

Calliope, querendo saber se deu mesmo gato no jogo do bicho.

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