segunda-feira, outubro 22, 2001

O silêncio

Outro dia me disseram o seguinte: "O homem nunca é tão dono de si mesmo quanto no silêncio; fora dele, parece derramar-se, por assim dizer, para fora de si e dissipar-se pelo discurso; de modo que ele pertence menos a si mesmo do que aos outros"

Sei que isso é verdade, mas não consigo deixar de falar e não entendo o porque dessa minha necessidade de me derramar, de me colocar pra fora. Falo demais, escrevo demais, me exponho demais. Outro dia eu estava pensando na razão pela qual eu tenho essa maldita dificuldade em dar títulos, seja para os meus posts no blog, para as redações de escola, para os textos que escrevo, para as matérias do jornal. Acho que tem a ver com o fato de não saber sintetizar as idéias em poucas palavras. Eu sempre preciso de muito, sempre exagero nas palavras. Quem sabe não é mal de jornalista?
Mas eu gostaria de saber calar mais. Às vezes estrago tudo por dizer o que não deveria ser dito ou que eu não gostaria de dizer. Gostaria de me dar menos, me resguardar, ter mais controle sobre mim.
No mundo moderno as pessoas têm muita necessidade de se mostrar porque a identidade passou a ser controlada por "o que os outros pensam de mim". Talvez não seja mal da modernidade, mas sim da humanidade. Gostaria de fugir disso. Será que eu consigo? E se quero mesmo fugir disso, por que continuo escrevendo nesse blog?

Alice

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